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Mulheres do Mar

Foto por Tiago Ghizoni, para o NSC.


Quando se fala do profissional da pesca, que tipo de imagem te vem à cabeça? Rapidamente imaginamos um homem, pode ser mais jovem, ou de idade mais avançada, sempre com o olho no mar - ou no rio - em busca do seu próximo lance. Ele poderia estar vestindo um macacão emborrachado para pesca, ou roupas normais mesmo, mas dificilmente pensaríamos na figura de uma mulher: a mulher pescadora. Ela poderia estar usando o mesmo macacão emborrachado do pescador, já que não são fabricados de modelo feminino, mas não é só nas vestes para o trabalho que essas mulheres não são vistas.

Em grande parte essas mulheres são introduzidas ao mundo da pesca por familiares, quando jovens, ou mais tarde por seus maridos pescadores. Muitas vezes por necessidade acabam se descobrindo na profissão, até desenvolverem um "vício" pelo mar. Elas conseguem ver o mar como uma forma de fugir do cotidiano, como podemos observar no relato presente no livro Mulheres e o Mar: pescadoras embarcadas no litoral de Santa Catarina que foram entrevistadas pela autora Rose Mary Gerber. A respeito das pescadoras embarcadas no litoral de Santa Catarina, a autora aponta:

"Eu gostava de ser solta; viver na pesca, sair no barco, estar no mar. Não gostava dessa coisa de ficar presa em casa ou ter que ir à escola. Eu fugia por que queria pescar. Eu amo a pesca. Desde o começo foi assim" (Neia, Barra do Sul, em entrevista a Rose Mary para seu livro).

Percebe-se na fala de Neia, o amor pelo mar e pela pesca. O mar como terapia, que muitas mulheres citam no livro, pelas vivências de liberdade e empoderamento que são permitidas pelo seu trabalho.

A mulher tem um importante papel na pesca, é um número considerável de profissionais que atua em todas as etapas da cadeia produtiva, seja em terra após a captura em trabalhos de limpeza do pescado, filetagem e venda. Também em serviços que dão suporte a pesca, como a confecção de redes e manutenção de equipamentos, ou mesmo as que trabalham embarcadas e vão diariamente para o mar. Embora muito presentes, algumas pescadoras não são reconhecidas como profissionais, não tendo acesso a benefícios fornecidos pelo Estado como o Seguro Defeso, enfrentam sua invisibilidade perante a sociedade num geral.

Essas mulheres não passarão despercebidas pelo PescArte, vamos dar voz ao pescador e também a pescadora. Ao longo do nosso projeto traremos também a presença da mulher no cotidiano da pesca, por meio de textos, fotografias, vídeos e conversas com pessoas da área.


Para a construção deste texto utilizamos o livro Mulheres e o Mar: pescadoras embarcadas no litoral de Santa Catarina, sul do Brasil; de autoria de Rose Mary Gerber; Editora UFSC, 2015.

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