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Existe um método para a leitura da paisagem?

  • GMA PescArte
  • 14 de set. de 2020
  • 2 min de leitura

O GMA PescArte vêm colocando em sua página do Instagram o Papo Cultural com o professor Dalmo Vieira, neste post traremos a transcrição de um trecho desse papo onde Dalmo explica sobre os métodos de leitura da paisagem.




GMA PescArte: Quanto ao método de leitura da paisagem, isso sempre foi um questionamento, que elementos procurar para saber que de fato existe ali uma conexão imaterial, identidades específicas que tornem mais fácil a compreensão da paisagem que eu posso estar fazendo junto a um lugar, isso no ponto de vista do estudante da área, de uma pessoa de fora ou do próprio morador local.


Dalmo Vieira: Bem, também uma questão central, e aí eu vou dar uma opinião bem pessoal. Aliás, eu queria sugerir que uma pessoa que pode nos ajudar quanto a isso, o Professor que mais dá paisagem cultural no Brasil, que trabalhou com a gente em Brasília, é o Carlos Fernando de Moura Delfino. Ele é um arquiteto e paisagista, um sujeito de um conhecimento espetacular, de muita acessibilidade, que tem trabalhos importantes no brasil e no exterior. Eu sugeriria, (ele não tem uma ligação específica com a pesca) mas no assunto paisagem cultura seria muito interessante resgatar um depoimento dele, sabe, no Brasil ele é um dos sujeitos mais interessantes da área.

Bem, junto ao IPHAN, e eu fui designado como coordenador da equipe que foi constituída para a chancela de paisagem cultural, e assim nós criamos a diretoria de paisagem, e ele foi o primeiro diretor, esteve por dentro de tudo que a gente discutiu. Eu acho que a gente não deve teorizar os métodos, sabe por que? Assim nós somos levados a codificar, a transformar em apostilas, a criar um guia para uma coisa que é tão única e particular. A questão é importante porque a paisagem na área de cultura e particularmente a de patrimônio no Brasil está numa crise enorme, mas a crise na paisagem está enorme porque não há conteúdos acerca do reconhecimento dela, o único que existe, pelo incrível que pareça, e eu acho muito negativo, que é o Rio de Janeiro, como paisagem cultural do Brasil.

A nossa academia, e falo como parte dela, ela tem uma dificuldade enorme de lidar com as realidades reais das populações, as dificuldades sociais mais tremendas, e o assunto ‘paisagem’ ele acabou sendo, digamos, ‘ aprisionado’ na academia.

Quando a gente fala em tombamento, tombamento edificado, muitas vezes tem um interesse específico, um interesse pessoal e tal. A paisagem não, ela sempre foi pensada para ser uma coisa que parte dos desejos das populações.

Virou efeito de uma tentativa de construir um caminho formal. Se tal coisa é objeto que as pessoas admiram e convivem, é necessário valorizar aquela ocorrência, como exemplo o céu de Brasília. Ele poderia ser paisagem cultural.

Mas a realidade, é que modelos, que formatações, que metodologias usar pra pensar num universo que vai do céu de Brasília até nosso grupo pesqueiro da Armação de Florianópolis? Por isso as pessoas precisam se manifestar, sem dúvida.

Eu diria, portanto, que até é importante teorizar mas não se deve colocar a teoria na frente da prática, como algo impeditivo, mas sim união entre teoria e prática, junto de uma reflexão.


 
 
 

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